Resenha | Nada, de Janne Teller


" Você começa a morrer no instante em que nasce "


Pierre Anthon está no sétimo ano e tem certeza de que nada importa na vida. Por isso, passa os dias sobre os galhos de uma ameixeira, tentando convencer seus companheiros de classe a pensar do mesmo modo. 

No entanto, diante da recusa do menino de descer da árvore, seus colegas decidem fazer uma pilha de objetos dotados de significado, e com isso esperam persuadi-lo de que está errado. Mas aos poucos a pilha se torna um monumento mórbido, colocando em xeque a fé e a inocência da juventude.


Autor: Janne Teller  | Gênero: Romace/Drama | Páginas: 128 | Editora: Record | Ano: 2013


Janne Taller, autora do livro " Nada ", causou polêmica na Dinamarca aponto de ser banido antes que ele se tornasse uma leitura obrigatória nas escolas dinamarquesas. Seu romance mostra o desespero dos 'refugiados' em um quadro sombrio da sociedade.



Janne pôs em sua primeira obra a realidade de seu país Dinamarca, tentou fazer com que o leitor entrasse no personagem central, e se perguntasse 'e se isso acontecesse conosco', no caso comigo, e sinceramente me deixou apavorada, pois é um livro extremamente assustador por ser tão realista, creio que Janne conseguiu repassar sua mensagem para todos os leitores da obra.



O livro é narrado por uma pré-adolescente chamada Agnes e tudo começa quando no primeiro dia de aula após as férias de verão, um dos amigos mais velhos de Agnes, Pierre Anthon, fica de pé minutos antes da aula começar e diz que nada no mundo tem a menor importância na vida de quem quer que seja. Mesmo com o professor já presente, Pierre Anthon profere quatro frases curtas, coloca o seu material novamente dentro da mochila e sai.

" Nada importa. Disso eu já sei faz muito tempo. Então não vale a pena fazer nada. Acabo de descobrir isso. " 

Pierre Anthon é o grande personagem deste livro, onde ele provoca e irrita seus colegas apenas por dizer a verdade, expondo seus pensamento sobre a vida em geral,  e como quase sempre isso nos aterroriza por almejarmos o melhor para nós, a reação de indignação é sentida pelos os colegas ao ponto de enlouquecerem. Todos os dias eles tentam demonstrar que ele está errado.

O sentimento de revolta é tamanho que como já disse anteriormente eles meio que enlouquecem com essa obsceção  de mostrar que essa teoria é totalmente descabida, onde eles começam a expor suas reais personalidades, e posso dizer que não é algo bonito, e é aí que vemos que se existe realmente algo horrível e assustador no livro é justamente neste ponto, a condição humana, não necessariamente redirecionada aos personagens e sim em nós, sendo o reflexo do que somos.

Pierre Anthon é a nossa consciência, o nosso medo e isso causou estragos imensos, irreparáveis, e talvez algum  dia isso possa ser mudando, não digo na vida dos personagens, e sim na nossa, haverá o momento que iremos parar para pensar nos que realmente estamos fazendo, e certamente iremos procurar um sentido e eu sinto tanto pois não haverá, iremos perceber que NADA tem sentido, pelo menos NADA do que fazemos hoje. 


O final do livro é o que mais choca porque é mostrado até onde o ser humano é capaz de ir, o que somos capazes de fazer pelo simples fato de não aceitarmos certas coisa que seja diferente do que pensamos e acreditamos, é aterrorizador e no momento ainda estou com toda essa angustia e medo do que somos, é um leitura sem dúvida muito intensa e realista, eu recomendo a leitora para todos é claro, porém devo alertar que esse quando digo " todos " há restrições, infelizmente. 

“Começamos a entender o que Pierre Anthon queria dizer. E começamos a entender por que os adultos tinham aquela aparência. E, embora houvéssemos jurado que nunca seríamos como eles, havia acontecido. E sequer tínhamos 15 anos. Treze. Quatorze. Adultos. Mortos.” 


Sobre os motivos da censura do livro na Dinamarca, a autora dá a sua opinião:

"Geralmente se diz que há muita violência nele, o que eu realmente não acho que seja verdade. Comparado a qualquer estória de crime, não há nada no livro; a violência propriamente dita é descrita em muitos lugares. Além do mais, algumas pessoas disseram que meu livro torna alguns jovens depressivos e os leva a cometer suicídio. Eu fiquei muito chocada com isso (…). Eu nunca escrevo para provocar. Aqui não há conteúdo sexual, não há linguagem de baixo calão. Eu penso que ela é uma estória muito normal. Na verdade, eu escrevo para aprender. Eu escrevo sobre coisas que eu não entendo.

Eu recomendo a leitura deste livro, e tenho que avisar que será muito difícil não chorar e se comover, apesar de ter uma temática infantil, realmente surpreende, você tipo não da nada pela a capa, pela sinopse e nem pela narração e surpreendentemente ao fim você se toca que não havia lido um livro mais fantástico e mórbido anteriormente. 



Não tem como avaliar um livro desses, então deixo sem estrelas e nem posso marcar como favorito.

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