Resenha | Fraude Legítima, de E.Lockhart


Imogen Sokoloff é uma herdeira em fuga, em busca de liberdade. Jule West Williams é uma sobrevivente obstinada, capaz de se adaptar a qualquer lugar e situação. Uma garota se recusa a ser o que esperam dela; a outra, a ser quem foi no passado.

Uma amizade intensa e uma fraude capaz de transformar — e destruir — vidas.
Será que uma pessoa é tão ruim quanto suas piores ações?

Lançamento: 29/10/2017 | Número de Páginas: 280 | Gênero: Mistério -  Skoob

"Para todos aqueles que aprenderam que bom é sinônimo de pequeno e silencioso..."

Em Fraude Legítima, E.Lockhart surpreende o leitor com uma narrativa onisciente que apesar de não revelar o que há por trás da mente de seus personagens não deixa de dar detalhes importantes para a compreensão do quão assombrosa é sua estória e a relação que surge em sua narrativa. Isso me fez refletir sobre a complexidade que é a amizade, o amor e o luto. É uma loucura.

Eu fiquei assustada com Fraude Legítima, acredito que esse livro expõe uma mente que nunca será compreendida, pois simplesmente está em uma frequência que não é normal, é doentio. É essa a palavra que encontrei para nomear Fraude Legítima, não há um mistério grandioso, não há sequer um mistério, o que prende o leitor em sua narrativa é os porquês e a vontade que surge em nos aprofundamos mais e mais nesta mente turbulenta, entramos em um jogo psicológico irresistível, isso não só assusta, nos faz questionar de uma maneira o certo e o errado, o bem e o mal... A heroína, a vilã. Em Fraude Legítima, quem é quem? É difícil distinguir um do outro, parece ser um só, e talvez seja.


Em Fraude Legítima somos apresentados a Jule West Williams e Imogen Sokoloff, duas personalidades bastante singulares que têm seus caminhos entrelaçados e posteriormente separados tragicamente.

"Você me faz sentir como uma boneca com que quer brincar e não dividir com mais ninguém.(...) Você só quer usar minhas roupas, ler meus livros e brincar de fazer de conta com o meu dinheiro. Não é uma amizade de verdade."

Jule Williams é uma jovem solitária que sofreu com uma educação rígida e por isso busca um lugar no mundo. Jule é um mistério. Já Imogen Sokoloff é uma jovem calorosa, sua fácil educação surte o efeito contrário e em vez de buscar um lugar no mundo, ela foge. Imogen é um mistério.

Jule e Imogen duas mulheres com realidades tão distintas são unidas repentinamente por uma amizade. Não haveria como prever que um estranho sentimento marcaria e destruiria a vida de uma delas de uma forma irreversível. 


A linha de tempo de Fraude Legítima intriga e ao mesmo tempo é confusa. Essa escolha de narração de trás para frente dificultou o meu julgamento sobre Jule e Imogen. É uma narrativa tortuosa, e me deu a impressão de que tudo aconteceu muito rápido. É uma história muito curta.

Informei anteriormente que não havia um mistério nesse thriller porque desde a primeira página temos a confirmação que uma delas é uma mentirosa. Uma fraude legítima. O que nos fascina é a curiosidade que essa trama nos desperta. Constantemente eu me perguntava: Foi tudo uma mentira? 

Foi tudo uma mentira... 
Uma mentira...
Mentira...

Isso ecoava em minha mente, e mesmo no final isso continua ecoando porque por um lado nunca saberemos. Eis uma mente estranha, imperfeita, quebrada. É complexo demais para entendermos, ou julgarmos, mas certamente alguns leitores fará a seguinte pergunta: Quem nunca?

Ao final somos só humanos, algumas coisas nos desagrada outras nos fascina. Jule e Imogen são mulheres fascinantes. Isso me assusta, mas com certeza em momentos eu me vi fascinada. 

"Quero me sentir em casa em algum lugar e quero fugir. Quero estar conectada e quero afastar as pessoas. Quero estar apaixonada e escolho caras dos quais nem sei se gosto tanto. Ou os amo e estrago tudo, talvez de propósito. Nem sei o que é. Quão maluca eu sou?"




E. Lockhart nasceu em Nova York e fez doutorado em literatura inglesa na Universidade Columbia. Deu aulas de redação, literatura e escrita ativa. Seus livros já foram traduzidos para mais de dez idiomas. É autora de Dramarama, The Boyfriend List e Fly on the wall, e coautora de How to Be Bad, com Lauren Myracle e Sarah Mlynowski.

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