Não entre na propriedade... Benella preocupa-se com duas coisas: Evitar os dois meninos da aldeia que a atormentam, e, encontrar comida para ajudar a alimentar sua família. Infelizmente, as melhores frutas e legumes selvagens estão perto de uma propriedade escura e enevoada, habitada por uma fera implacável. A Fera pune todos que entram... Quando seus atormentadores a bloqueiam atrás dos portões maciços, Benella sabe que seu destino está selado. No entanto, o destino não é o que ela espera. Seu encontro com a fera começa um estranho ciclo de barganha pela sua liberdade. Uma liberdade que o animal parece determinado a não ceder.
Nesta primeira parte, nos confortamos com uma história como prevista similar ao conto de A Bela e a Fera, porém M.J. Haag aborda profundamente a miséria que é descrita pela família de Bela e seu povoado que sofre com a escassez.
A personagem principal Benella, assim como Bela do conto original é um doce de menina e protetora de sua família, não medindo esforços para mantê-los com o estômago cheio. Em meio a uma situação de quase guerra, onde todos são capazes de qualquer coisa por um pão, na história os personagens se confrontam com situações de abusos e violência, e eis onde realmente é o diferencial nesta releitura. Não é uma história para crianças!
E para que Benella mantenha seus princípios, e ainda tenha garantia de sobrevivência para seu pai e suas irmãs, arrisca-se a roubar verduras e frutos de uma horta próxima a um castelo abandonado que segundo dizem às lendas é protegido por uma fera monstruosa. Mas o tempo passa e entre idas e vindas, Benella se encontra em uma situação de intenso perigo e termina em dívida com a fera que a salva, lhe oferecendo abrigo no castelo e alimentos.
Mas em um mundo onde a maioria faz uma boa ação almejando algo em troca, Benella se encontra em um dilema, tendo que fazer uma escolha, mas no final esta escolha já estava feita a partir do momento que decidiu se abrigar nas terras da fera. Ela faz a escolha de ficar aos cuidados da fera, assegurando o melhor para sua família mesmo que não seja o melhor para si mesmo.
Considero Perversão uma introdução para entendermos como Benella se encontra aprisionada pela fera no castelo. A autora explora o contexto até que ela chegue a viver com a fera, além da cruel situação da vila onde Benella vive com o seu pai e suas irmãs. Sabemos que é uma releitura, mas quando pensamos em uma situação de risco, onde uma pequena vila sem muita estrutura ou garantia de um futuro, o que a autora descreve faz muito sentido.
O personagem Fera continua nos remetendo a esperança, mesmo sob uma perspectiva que muitos de nós costumamos ignorar ao pensar no melhor do personagem, mas sabemos que o príncipe fora um homem cheio de defeitos, não era virtuoso e cuidadoso ou mesmo respeitoso aqueles com aqueles deveria zelar. Esta Fera não é um cavalheiro de armadura brilhante, então espere o seu pior como um homem faminto que passou muitos anos solitário!
Perversão é um livro destinado para leitores maduros devido as situações sexuais, violências e tentativas de estupro. Mas ainda assim a magia deste romance não é ofuscada!