Resenha | Essa luz tão brilhante, de Estelle Laure


O pai dela surtou e foi internado. A mãe disse que ia viajar por uns dias e nunca mais voltou. Wren, sua irmãzinha, parece bem, mas já está tendo problemas na escola. Lucille tem só 17 anos, e todos os problemas do mundo. Se não conseguir arrumar um emprego para pagar as contas e fingir para os vizinhos que está tudo em ordem, pode perder a guarda da irmã. Sorte a dela ter Eden, uma amiga tão incrível que se dispõe a matar aulas para ajudá-la. Azar o dela se apaixonar perdidamente justo agora, e justo por Digby, o irmão gêmeo de Eden, que é lindo, ruivo... mas comprometido.

Essa luz tão brilhante é a história de uma garota que descobre uma grande força dentro de si enquanto aprende que a vida e o amor podem ser imprevisíveis, assustadores e maravilhosos – tudo junto e misturado.


Editora: Arqueiro - Número de páginas: 208 - Gênero: Romance/Drama - Skoob

Romances YA em sua maioria costumam me deixar bastante entusiasmada para divulgar, adoro comentar sobre os sentimentos e as emoções que me proporcionaram durante a leitura, dificilmente sou pega de surpresa ao me deparar com uma narrativa cansativa e mal construída. Eu amo romances, o amor literário é o segredo para me conquistar. Mas, Essa luz tão brilhante me deixou com uma difícil missão: Resenhá-lo. 



(...) Não penso na mamãe, a não ser às vezes, quando acordo, quando meu celular começa a tocar e vibrar para que eu acorde. É quando enxergo os olhos azuis dela, sem nenhuma luz, do jeito que estavam logo antes de ela ir embora. As barreiras que ergui contra eles são fracas. Então, paro um segundo. Respiro. Fito aqueles olhos e então os fecho. Primeiro porque ela ela nos abandonou e segundo porque ela não voltou. Fecho os olhos dela três vezes, até ficarem tão pequenos que não passem de pontinhos azuis sem sentido, e então assopro para longe.

Em Agosto fui surpreendida com a divulgação do lançamento de Essa Luz Tão Brilhante, e sua premissa melancólica me conquistou rapidamente, foi quase um encantamento à primeira vista. Tudo indicava uma grande história, o potencial é muito grande. Estelle Laure teve um bom pensamento, o molde escrito para esse romance sem dúvida é inteligente e possuí aspectos que captam a emoção do leitor, podem vir a comover o leitor. 

Infelizmente, não foi uma leitura agradável, eu não poderia estar menos errada sobre as minhas expectativas. Desde o primeiro capítulo a história me deixou bastante confusa e incomodada com a narração que descreve desnecessariamente os acontecimentos tornando os parágrafos longos e tediosos. 

A emoção que eu deveria ter sentido ao perceber a realidade triste das irmãs Lucille e Wren foi ofuscada pelo incomodo que a narração me proporcionava. A fragilidade do contexto não foi transmitido diante da percepção que a personagem Lucille em vez de mostrar aflição sobre sua realidade, detinha de desvaneio sobre um garoto que de uma hora para a outra passou a ser o centro de sua atenção. Diante de tanto drama adolescente e metáforas em exagero a impressão que eu tinha a todo momento era que após ela conquistar o amor, ou mesmo o minimo como sua atenção, ela acordaria de um terrível pesadelo, pois não havia emoções que fizesse sentido ao ponto inicial do drama das irmãs. 

Sou apaixonada por romances, já me encantei por muitos e me desagradei de outros. Mas, os métodos utilizados por Estella para comover o leitor, na minha opinião não foi um sucesso, eu não fui convencida, eles só fizeram com que eu me distanciasse mais de uma admiração sincera a cada novo capítulo. 


A respeito da trama, como eu disse anteriormente, confusa. Inicialmente não nos diz sobre o que levou ao desaparecimento dos pais das irmãs, isso é comum em romances, é uma tática para captar a curiosidade do leitor, só que ao ser revelado o ponto inicial de toda a trama no seu fim não há uma solução. 

Em But Then I Came Back, segundo volume conheceremos um pouco mais Eden, a melhor amiga de Lucille, provavelmente teremos alguma informação sobre a situação das irmãs, mas por enquanto, a narrativa me fez questionar se era preciso uma comoção tão grande em torno de algo aparentemente simples. Por quê um drama em torno de uma história que não teria solução? Por quê não deixar inexistente na história os pais de Lucille e Wren, e escrever um romance pós essa realidade? 

Lucille é jovem, a partida de seus pais deixou um peso em seus ombros, mas se seus pensamentos não tivessem feito com que eu não simpatizasse com ela devido sua imaturidade eu teria gostado um pouco mais de Essa luz tão brilhante. 

O interesse amoroso de Lucille por Digby, o irmão gêmeo de Eden foi o maior incomodo desta leitura. Ele é um bom garoto, adora esportes e é responsável, porém não vi nenhuma qualidade nesse súbito sentimento que fizesse dele algo real. É perceptível como não existe afinidade sentimental entre os dois.

Digby, está em um relacionamento de anos com Elaine que é sua namorada desde o ensino secundário. Eles irão para a faculdade juntos, é uma relação consistente e é obvio que existe um sentimento que os mantêm unidos por tanto tempo, então como pode de repente ele se dizer apaixonado por Lucille? Esse ponto do romance foi o que mais me desagradou, é certo que quando somos jovens mostramos interesse amoroso por pessoas em determinados momentos que até nós mesmos não compreendemos como surgiu e porquê. Porém neste ponto o romance me deu a impressão que esses sentimentos são os fomosos passageiros que todo ser humano sente na adolescência, quem nunca achou que estava amando mais na verdade tudo não passava de um encantamento passageiro? 

O único personagem que me encantou nesta história e fez a leitura transcorrer foi a Wren, irmã de Lucille. Por momentos fiquei bastante emocionada com suas atitudes, após o abandono de seus pais ela apresentou mudanças em seu comportamento que exigiam mais atenção, ou mesmo o acompanhamento de um psicólogo. Não houve esse tipo de preocupação da única pessoa que poderia ajudá-la que é Lucille, sua irmã. 

Não sei se posso considerar essa avalanche de comentários uma resenha, mas esta foi uma leitura que me deixou com o coração na mão. Essa luz tão brilhante tinha tudo para ser uma história inesquecível sobre abandono, amizade e primeiro amor.

(...) Me vejo com muita saudade da minha mãe. Eu a aceitaria de volta, porque quero perdoá-la. Sinto a mão macia dela no meu rosto, na minha bochecha, à medida que o meu corpo começa a ficar leve. Estou lembrando dela dizendo: Você tem um coração de heroína, minha Luluzinha. 

Estelle Laure é fã do escritor Kurt Vonnegut e acredita no amor, na magia e no poder de encarar verdades difíceis. Possui bacharelado em artes cênicas e mestrado em literatura para crianças e jovens adultos na Faculdade Vermont de Belas-Artes. Mora em Tao, no Novo México, com os dois filhos.

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