Resenha | A Voz do Arqueiro, de Mia Sheridan


Bree Prescott quer deixar para trás seu passado de sofrimentos e precisa de um lugar para recomeçar. Quando chega à pequena Pelion, no estado do Maine, ela se encanta pela cidade e decide ficar.

Logo seu caminho se cruza com o de Archer Hale, um rapaz mudo, de olhos profundos e músculos bem definidos, que se esconde atrás de uma aparência selvagem e parece invisível para todos do lugar. Intrigada pelo jovem, Bree se empenha em romper seu mundo de silêncio para descobrir quem ele é e que mistérios esconde.

Alternando o ponto de vista dos dois personagens, Mia Sheridan fala de um amor que incendeia e transforma vidas. De um lado, a história de uma mulher presa à lembrança de uma noite terrível. Do outro, a trajetória de um homem que convive silenciosamente com uma ferida profunda.

Archer pode ser a chave para a libertação de Bree e ela, a mulher que o ajudará a encontrar a própria voz. Juntos, os dois lutam para esquecer as marcas da violência e compreender muito mais do que as palavras poderiam expressar.

Editora: Arqueiro | Ano: 2015 | Páginas: 336 | Adicionar: Skoob



Depois de diversos comentários e recomendações eis que optei por conhecer a história de  A Voz do Arqueiro, primeiro livro de uma Série inspirada nas características dos Signos do Zodíacos, este é baseado em Sagitário. 

A ideia de escrever uma série sobre os signos é muito inteligente, porém eu me surpreendi muito, não esperava que esta história me emocionasse como fora capaz. 

Seus personagens possuem uma bagagem de vida repleta de episódios traumatizantes, é drama por cima de drama e apesar de amar histórias com essa característica não foi por isso que ela me fascinou. Fiquei encantada e extremamente comovida com a história de vida de um personagem com uma alma tão pura que para mim foi difícil de acreditar que ele ainda pudesse dormir e acordar todos os dias e seguir com a sua rotina. Fiquei tão espantada que a certo ponto cheguei a perder a noção de que era uma história fictícia.


Os centauros eram conhecidos como arruaceiros, desordeiros e chegados a bebedeiras. Quíron, porém, não era como os outros – ele era chamado de “O Bom Centauro” e de “O Curador Ferido” e era mais sábio, mais gentil e mais justo do que os outros de sua espécie. 

Infelizmente, Quíron foi ferido sem querer pelo amigo Hércules com uma flecha envenenada, quando Hércules lutava com os outros centauros. Como Quíron era imortal, não conseguia encontrar alívio para sua ferida incurável e passou a viver com uma dor excruciante. 

Por fim, Quíron deparou com Prometeu, que também vivia em agonia. Prometeu fora condenado ao tormento eterno pelos deuses e estava amarrado a uma rocha. Todas as manhãs, uma águia vinha comer seu fígado, que voltava a se regenerar todas as noites. 

Quíron então se ofereceu para dar a vida pela de Prometeu. Assim, livraria ambos do tormento eterno. O centauro caiu morto aos pés de Prometeu. Mas, por causa de sua bondade e generosidade, Zeus o tornou parte das estrelas. No céu, sua beleza poderia ser vista por toda a eternidade. O centauro se transformou na constelação de Sagitário, que os gregos antigos chamavam de “O Arqueiro”. 

O ferimento de Quíron simboliza o poder transformador do sofrimento – a maneira como a dor, tanto física quanto emocional, pode se tornar fonte de grande força moral e espiritual


Em A Voz do Arqueiro somos apresentados a jovem Bree Prescott. O livro se inicia narrando a mudança de Bree a Pelion, uma cidade pequena onde tem boas lembranças de sua infância. Está sendo a sua última tentativa de se reencontrar após um assalto que terminou com a morte de seu pai, Bree ao chegar em Pelion que aspira paz, faz novos amigos e consegue um emprego.

Cidade pequena, movimento tranquilo seu caminho quase que imediatamente se cruza com os do misterioso Archer Hale, um rapaz ignorado por todos na cidade. 

Bree, não se deixa intimidar por sua aparência desleixada, pelo o contrário fica intrigada com aquela alma solitária semelhante a sua, curiosa se informa a seu respeito com alguns moradores. Todos o conhecem, mas ninguém sabe quem de fato é Archer e diante de tantas especulações, com a ajuda de Phoebe, a sua adorável cachorrinha e com certa insistência se torna sua única amiga.  

A amizade entre Bree e Archer é extramente cautelosa e foi sendo desenvolvida com o tempo. Archer se mostra enigmático e isso fascina Bree, pois boa parte do que ouviu a seu respeito apesar de ser verdade estava longe de ser a história completa, ainda havia muito a que se revelar.

O personagem Archer é incrível, ele não é típico Playboy destruidor de corações, e está muito longe de ser, é um personagem muito simples e ingênuo apesar da idade é totalmente inexperiente socialmente e surpreendentemente, em relacionamentos em geral. Archer é singular, um igual não existe.  Sua história de vida é muito emociante e quando digo que me emocionou não é só no sentido que me fez chorar e sim no sentido que tocou a minha alma de uma forma que eu nem sei explicar, tudo que ele passou durante sua vida e até mesmo diariamente tenho quase certeza que não é qualquer ser humano que sobreviveria.

O pai de Bree era surdo e por isso ela teve que aprender cedo a linguagem dos sinais, a comunicação entre eles é por sinais, e isso só fez com a relação amigável selada ficasse mais intensa, e a proximidade com o decorrer dos dias se intensou ao ponto de suas vidas mudarem totalmente. Bree foi a salvação de Archer, foi o anjo da guarda que após tanto tempo de espera ele nem imaginava que um dia viria. Com Bree ele teve o seu primeiro beijo, a sua primeira experiencia sexual... Por ela, se permitiu amar e ser amado.

" (...) Tenho medo de amar você. Tenho medo de você ir embora de eu ficar sozinho outra vez. Só que será mil vezes pior porque vou saber o que estou perdendo. Não posso.. Quero ser capaz de amá-la mais do que temo perdê-la e não sei como fazer isso. Me ensine, Bree. Por favor. Não me deixe destruir isso. "

A certo ponto desta narração, Mia me levou a um passeio em uma montanha russa de emoções. Devido ao histórico de vida de Archer, essa relação o deixou inseguro e com medo. Archer teve muito medo de ser novamente esquecido, medo de amar e decepcionar Bree. É óbvio que a situação deste personagem é extremamente delicada, como eu disse anteriormente ele é singular, único. Archer passou mais de 13 anos enclausurado em sua casa, não frequentou a escola, não teve a fase de transição que qualquer jovem normal passa na adolescência, iniciou sua fase adulta em meio a solidão e aos receios. Era preciso mais, muito mais para que ele pudesse se reencontrar, vivesse uma vida normal e tivesse o final feliz que eu tanto almejei.

A solução de Mia Sheridan é super compreensível e na minha opinião foi indispensável, não há meio mais prático e eficaz que confrontar seus próprios medos e ter por se só a experiência de vitória. No final temos um epílogo de 5 anos depois e como toda estória com drama e histórias de vidas emocionantes eu me vi sorrido com os olhos marejados por tamanha felicidade. 

" (...) O amor dela me envolve suavemente, me sustentando, me ancorando, me lembrando de que as palavras que mais importam são aquelas que vivemos. " 

Se você ainda não leu A Voz do Arqueiro, por favor, leia!  Me arrependo muito por não ter iniciado está leitura antes, quando eu vi o primeiro comentário positivo sobre o lançamento, nós nunca imaginamos o quanto iremos gostar até tomarmos a iniciativa de adquirir o livro e ler. Mia Sheridan me relembrou uma valiosa mensagem: Não julgue e dê uma chance antes de fazer qualquer especulação, às vezes, a verdade por trás da realidade aparente, surpreende. 

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